segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Death Metal

Bom, já que levantei a lebre, vou tentar a dar um panorama sobre o que diacho seria Death Metal.
Digamos que basicamente se trata de uma subdivisão do Heavy Metal, uma de suas mais extremas. O termo em si possui uma origem duvidosa, surgindo em citações e em uma coletânea européia com bandas que não eram em nada parecidas com o Death Metal tal como o conhecemos atualmente. Após o surgimento do NWOBHM, Punk Rock e Thrash Metal (não confundir com o termo "trash"...), este último surgido no início dos anos 80 com bandas como Metallica, Slayer, Anthrax, o mundo viu o aparecimento de bandas ainda mais extremas em vários lugares simultaneamente. Nos EUA uma banda californiana chamada Possessed lançou seu primeiro disco em 1985 (o clássico Seven Churches, porém o meu predileto é o álbum posterior entitulado Beyond the Gates...), contendo uma faixa cujo nome era... Death Metal... Seven Churches foi realmente um divisor de águas para a época, com um vocal absurdamente agressivo, bateria ultrarrápida, riffs e solos crus e velozes. Temos aí o que muitos consideram o primeiro LP (lembrem-se, estamos em 1985...) do estilo. Até hoje Death Metal é uma das minhas músicas prediletas do Possessed, banda de origem do guitarrista do... Primus (!!), o sr. Larry Lalonde.
Neste ano ainda tivemos o lançamento de álbuns como Endless Pain (do Kreator) e Bestial Devastation, do nosso Sepultura. De meados até o final dos anos oitenta, bandas como as alemãs Sodom e Kreator (se bem que estas são consideradas mais como parte do thrash metal germânico), a americana Death, oriunda da Flórida, do saudoso Chuck Schuldiner, contribuiram para solidificar o estilo em sua primeira geração. No Brasil, além do Sepultura, Belo Horizonte ainda foi celeiro de bandas como o Sarcófago, Multilator e Holocausto, entre outras.
Pessoalmente acho difícil definir exatamente estilos de muitas bandas mais atuais consideradas Death Metal. Além disso, esta vertente acabou por se subdividir em várias, como Melodic Death Metal, Splatter Death Metal, Brutal Death Metal, Doom Metal, etc. Divisões a parte, prefiro citar algumas bandas e álbuns que considero notórios, por que não dizer, obras-primas do metal extremo (pois é... esse termo é mais atual, mais abrangente, mas às vezes não menos difícil de catalogar banda X ou Y como extrema ou não...). Vamos lá:
Death - Individual Thought Patterns: quinto álbum da banda, lançado em 1993. O trabalho de baixo de Steve DiGiorgio neste disco é não menos que fenomenal. A banda toda está voando baixo. Chuck Schuldiner traz composições e solos intricados, na bateria, temos o mestre Gene Hoglan fazendo um trabalho primoroso. Mas puxando a sardinha para minha brasa, o sr. DiGiorgio faz um estrago. Vemos o baixo fretless sendo utilizado de forma revolucionária no metal extremo, ao mesmo tempo jazzístico e agressivo. Mesmo para quem não é fã de vocais rasgados (a propósito, os de Chuck estão em sua melhor forma), vale uma conferida em I.T.P. Uma audição cuidadosa no instrumental vai dar a exata dimensão do poder de fogo desses músicos, derrubando o lugar comum de metal = barulho desconexo... (Veja o clip da música The Philosopher)
Carcass - Necroticisim, Descanting the Insalubrious: para mim esta é a obra-prima do gênero. Não temos aqui o material intricado e virtuoso do Death, porém temos um massacre sonoro absurdo! A dupla de guitarristas Bill Steer e Michael Amott está extremamente entrosada, criando riffs e solos matadores. Aqui ainda temos a dobradinha de vocais Steer (guturais) e Jeff Walker (mais rasgados, lembrando um pouco o Bathory em alguns momentos), despejando uma agressividade ímpar. O batera Ken Owen segurando muito bem a onda com criatividade e segurança (para mim sua melhor forma veio no álbum seguinte, Heartwork, mas aqui está também muito bem). Último ábum da banda com sua temática lírica digamos peculiar (basta conferir alguns títulos, como Corporeal Jigsore Quandary, Pedigree Butchery, Incarnated Solvent Abuse...). Este é outro que vale uma audição. As vinhetas de um documentário médico da BBC contribuem para um clima tenso. Ouvi pela primeira vez esse play com 15 anos de idade, e ainda hoje, quase vinte anos após seu lançamento, continua revolucionário. (Veja Corporeal Jigsore Quandary e Incarnated Solvent Abuse)
Muita coisa boa surgiu depois. Poderia aqui citar um sem-número de bandas como Morbid Angel, Pestilence, Napalm Death, Hypocrisy, etc. Atualmente temos o Black Metal norueguês, musicalmente muito influenciado por várias dessas bandas mais Venom, Hellhammer, Celtic Frost etc. O Black Metal, a grosso modo, é metal extremo com temáticas satanistas. Compreensível seu surgimento de certo modo, dado que se trata de uma região historicamente politeísta, com toda sua mitologia viking. Alguém chegar para uma molecada doida querendo empurrar o cristianismo (sabe lá de que forma...) não podia dar boa coisa...
Não sou fã de letras sobre o tinhoso, mas musicalmente daí saiu muita coisa boa, como o Emperor (cuja temática se diversificou com o tempo). Da Noruega tenho como banda predileta o Enslaved, a qual prima pela temática mitológica, tanto que uns a chamam de Viking Metal (que criatividade para rótulos não??). Falando neles, recomendo fortemente uma audição em Axioma Ethica Odini, o novo álbum dos caras (adquirido por mim no dia do lançamento no Canadá). Mas sobre Enslaved e metal norueguês falo em outro post. Por hora vale uma audição em uma das músicas deste CD - Giants.
OK folks! Let's keep on teaching children to listen to Death Metal!!!!

Referências: Death Metal
Possessed
Carcass
Death
Enslaved

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Primeiro Post: vencendo a inércia e o porquê de um título esdrúxulo...

O primeiro post deve vencer a inércia. E para vencer a inércia, há um esforço inicial. Vencê-lo faz com que iniciemos o movimento. Iniciado o movimento, sua manutenção requer um menor esforço, o que é bom. Todavia, ao cessarmos o movimento, teremos que vencer uma nova inércia.
Uns conseguem se manter em movimento em vários aspectos de sua vida. Seja profissional ou pessoalmente, há pessoas que conseguem manter o mesmo nível de empolgação na execução de uma tarefa, de atividades prazeirosas, como um hobby ou mesmo uma atividade física. Certamente pessoas admiráveis que merecem nosso respeito.
Por outro lado, temos pessoas que cuidam de certos aspectos de sua vida em detrimento de outros. De certa forma, confesso que me enquadro nesse grupo. Mas estou travando uma luta para procurar mudar o presente quadro. Dedicando-me mais à leitura (apesar de ter começado uns três livros sem ainda terminá-los, mas vira e mexe não os deixo pegando poeira mais, conseguindo ter o prazer de lê-los), voltando a praticar atividades físicas e desafiando-me a escrever estas singelas linhas.
Realmente tive que vencer uma inércia bastante importante. Primeiro por ter ficado muito tempo escrevendo textos mais técnicos no exerício de minha profissão. Não que não seja algo que eu goste, mas obviamente a liberdade de um texto feito sem o rigor e o formalismo que o mundo corporativo exige dá um prazer diferente. Aqui tenho o controle total, aqui tenho o descontrole completo. Consigo vencer a inércia e dar vazão ao "post" no "blog". Lembro que no final dos anos oitenta e começo dos noventa, período no qual estudava com mais afinco a Última Flor do Lácio, tinha uma maior facilidade para escrever. Recebia elogios de mestres e colegas. Eram textos simples, as famigeradas redações escolares, porém era um tempo onde não imaginávamos que escreveríamos algo como "vou postar isso no meu blog". Não imaginávamos que um dia a velocidade da informação seria tamanha que um "post" atravessa o globo e é visto por milhões de pessoas "online". Não utilizava tanta palavra de origem inglesa também. Não atachava nada em lugar nenhum. Aliás, se dissesse que iria atachar algo certamente me perguntariam o porquê da agressividade. Atachar parece algo muito ruim. Vou atachar o arquivo... Parece que vou aniquilá-lo, destruí-lo, espancá-lo... Um termo estranho e inexistente na época em que vencer a inércia para escrever não demorava quase vinte anos.
Mas aqui está. Pronto, foi-se a força inicial e venci a inércia. Já está o movimento. Que seja duradouro. Mas qual está sendo minha surpresa com a desenvoltura que já não tenho mais... Fogem-me palavras, complicam-se as construções gramaticais, chegam as dúvidas. Quero procurar no Google, quero procurar o Aurélio, quero checar o Guia Online de Redação, ou algo que o valha. Mas freio meu ímpeto e me permito seguir sem revisões. Coragem? Falta de juízo? Não, nada disso. Apenas vontade de seguir o movimento, de não deixar que ocorram interrupções. Deixar a mente livre para que as ideias venham, para que a roda gire, para que o rio siga seu fluxo, deixar que venham imagens, sensações, lembranças. Como é bom. Como é bom lembrar que quando escrevia as tais redações, quando buscava ler textos de grandes cronistas brasileiros. A crônica é algo que me encanta, seja ela política, seja ela sobre o cotidiano. Na verdade, sinto maior atração pelas últimas. Como nunca procurei no Google textos dos meus cronistas prediletos? É... Nunca é tarde para vencer a inércia...

Esse primeiro "post" fugiu completamente de seu objetivo inicial, que era apenas apresentar meu "blog". Ok, a partir de agora não colocarei mais aspas em termos que já estamos carecas de saber (no meu caso literalmente...). O nome do blog foi inspirado em um título de um álbum da banda sueca de black metal Dark Funeral (Teach Children to Workship Satan). Na verdade não sou um fã de Dark Funeral, mas esse título me chamou a atenção. Pessoalmente não era algo que eu ensinaria a uma criança. Mas pensei que seria divertido apresentar a uma criança o rock 'n roll, ou mesmo suas vertentes mais "extremas", como o Death Metal. Ao contrário de que muitos pensam, é um estilo no qual temos músicos excelentes, criativos, gente que não se prende a convenções, não se furtam de tentar coisas novas, de desafiar o mainstream. Não faz de ninguém melhor ou pior, mais agressivo ou mais ameno. Pelo menos para mim é apenas música, a arte pela arte. Música que desafia o convencional e ocupa os espaços.
Claro que pretendo escrever sobre música, mas não necessariamente apenas sobre Death Metal, pois como músico amador, sei que muito estilo de música tem gente bastante competente por trás. Desde que a música me diga algo, traga emoções, desperte meu interesse irei ouví-la.
No próximo blog devo começar a ensinar crianças a ouvir Death Metal e escrever algo sobre música. Hasta pronto!